As
empresas que administram os aeroportos de Guarulhos e de Viracopos, em São
Paulo, ainda trabalham na formação de novos consórcios para disputar as
concessões do Galeão (RJ) e de Confins (MG). Elas foram impedidas de participar
do próximo leilão, que deverá ocorrer em outubro, mas ainda não perderam a
esperança de reverter a decisão do governo. Nos bastidores, têm procurado
transmitir a mensagem de que estão prontas para entrar na disputa e isso
aumentará a concorrência do novo certame.
A
Invepar e a UTC Participações são as mais interessadas na disputa. Em dezembro,
quando anunciou a privatização do Galeão e de Confins, a presidente Dilma
Rousseff disse que vetaria os atuais controladores dos aeroportos já concedidos
de participar da rodada seguinte. O objetivo, segundo a própria Dilma, é
reforçar o ambiente de competição entre os aeroportos. Depois, as minutas dos
editais - que estão em processo audiência pública - confirmaram a proibição.
Mesmo
tendo sido vetados, os controladores de Guarulhos e de Viracopos estão em
conversas adiantadas com cinco a oito operadoras estrangeiras. A lista inclui
as empresas responsáveis pela administração dos aeroportos de Houston e de
Miami, nos Estados Unidos, a alemã Flughafen München (Munique) e a indiana GMR
(que opera em Nova Delhi).
Essas
conversas têm ocorrido porque, mesmo que sejam liberados para participar do
leilão do Galeão e de Confins, os atuais controladores precisariam buscar novos
parceiros. A Invepar, como líder da concessionária responsável pela administração
de Guarulhos, aliou-se à sul-africana ACSA no primeiro leilão. A UTC
Participações, que divide o controle de Viracopos com a Triunfo, juntou-se à
francesa Egis. Nenhuma delas ultrapassa a barreira de 35 milhões de passageiros
por ano - movimentação mínima exigida pelo governo para que um operador
internacional participe do próximo leilão. Na primeira rodada, a barreira era
de 5 milhões de passageiros anuais.
Apesar
do bom relacionamento entre as duas empresas, em Viracopos, UTC e Triunfo
decidiram não repetir a parceria no Galeão ou em Confins. Nos recados ao
governo, dizem que o aeroporto de Campinas não compete diretamente com nenhum
dos dois que vão ser privatizados.
Mesmo
com a pressão das empresas, o governo não está disposto a ceder. O ministro da
Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco, reiterou ontem que serão mantidas
as regras que impedem a participação dos grupos vencedores dos certames no ano
passado. "A nossa posição é de manter o mesmo princípio para manter a
concorrência", afirmou o ministro, durante coletiva de imprensa no Rio de
Janeiro, sobre as operações dos aeroportos durante a Copa das Confederações.
De
acordo com Moreira Franco, o atual modelo de concessões estimula a concorrência
entre os terminais. "Nossa experiência no Brasil era de monopólio da
Infraero. Antes, eram outros órgãos, mas a estrutura sempre foi monopolista. O
que queremos é exatamente quebrar essa cultura para que nós todos possamos ter,
na concorrência, um elemento de mudança cultural, de comparação de qualidade de
serviços, de melhoria, de preços mais baixos, ou seja, um ambiente que
fortaleça os interesses e o papel do próprio cliente, do passageiro",
enfatizou o ministro.
Questionado
sobre mudanças no comando da Infraero, atualmente presidida por Antonio Gustavo
Matos do Vale, ele rechaçou qualquer possibilidade. "Essa é uma pergunta
absolutamente despropositada. Não existe qualquer articulação ou movimento
nesse sentido. É equivocado e leviano se colocar, às vésperas da Copa das
Confederações, uma notícia dessa, que gera esse tipo de inquietação",
disse ele.
O
balanço do governo e das concessionárias privadas sobre as operações no
primeiro fim de semana do evento esportivo nos aeroportos foi positivo.
(Fonte : Jornal Valor Econômico)
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