terça-feira, 18 de junho de 2013

AÉREAS REDUZEM VOOS PARA O EXTERIOR


 
Depois de uma explosão de oferta de voos internacionais no Brasil na última década, as companhias aéreas começam a sentir dificuldades para decolar com as aeronaves cheias neste ano. O número de passageiros internacionais está em queda e as empresas começaram a cortar seus voos, numa tentativa de melhorar as taxas de ocupação das aeronaves.
Em meados de maio, companhias brasileiras e estrangeiras ofereciam 1.112 voos semanais para o exterior, 8,4% menos do que no mesmo período do ano anterior, segundo levantamento feito pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a pedido do Estado. O movimento interrompe um período de forte expansão da oferta de voos internacionais a partir do Brasil. Em 2003, partiam do País 552 voos semanais rumo ao exterior, número que praticamente dobrou em dez anos e fechou o ano passado em 1.109.
“A valorização do dólar e a crise na Europa fizeram o mercado de voos internacionais crescer menos que o previsto. Com o aumento da competição, isso trouxe um certo excesso de oferta em algumas rotas, principalmente na Europa”, disse o consultor da Bain&Company, André Castellini.
Entre janeiro e abril deste ano, houve 6,47 milhões de embarques e desembarques de passageiros em viagens internacionais nos aeroportos brasileiros, número ligeiramente inferior aos 6,5 milhões de movimentos reportados no mesmo período de 2012, segundo dados da Infraero e das administradoras privadas. O movimento internacional vem desacelerando desde o ano passado, quando cresceu 3,9%, abaixo dos 13,9% de 2011.
O resultado disso são aeronaves voando mais vazias. As da TAM, por exemplo, decolaram nas rotas internacionais com 75,88% de ocupação entre janeiro a abril deste ano, ante 82,71% no mesmo período do ano passado, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O mesmo ocorreu com a Gol: os aviões voaram para o exterior com 60,43% dos assentos ocupados no primeiro quadrimestre, ante 67% no mesmo período de 2012.
A redução do número de voos semanais reflete a tentativa das empresas de ganhar mais eficiência na operação, disse o diretor no Brasil da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), Carlos Ebner. “Elas usam aeronaves maiores e reduzem a frequência. Isso pode até aumentar a oferta de assentos”, disse.
Foi exatamente o que fez a TAM, quando anunciou em maio que suspenderia os voos que partem do Galeão, no Rio, diretamente para Paris e Frankfurt. Ao mesmo tempo, anunciou que usará um avião maior para a mesma rota a partir do Aeroporto de Guarulhos.
Outras, no entanto, foram mais radicais. A israelense El Al, por exemplo, deixou o mercado brasileiro. Ela iniciou a rota São Paulo-Tel-Aviv em maio de 2009, mas interrompeu os voos em novembro de 2011. “A El Al parou de voar porque estava perdendo dinheiro nessa rota”, disse a empresa, em comunicado ao Estado. O custo do combustível no País e obstáculos regulatórios no setor de carga pesaram na decisão. Em vez de buscar os passageiros diretamente no Brasil, agora a empresa oferece voos com conexão em companhias parceiras.
Apesar do mercado mais frio, companhias estrangeiras continuam a chegar ao Brasil. A Etihad, dos Emirados Árabes Unidos, por exemplo, começou a voar neste mês. Ela e outras empresas tentam crescer no Brasil para ganhar uma posição relevante em um mercado que é importante para o transporte aéreo global, em um cenário de consolidação no setor aéreo.
Já a brasileira Gol pretende expandir sua oferta internacional, mesmo enxergando um excesso de voos em algumas rotas, disse em entrevista ao Estado, em maio, o presidente da Gol, Paulo Kakinoff. Segundo ele, a estratégia é evitar as rotas mais concorridas e crescer em voos onde há demanda com baixa competição, como voos para a América Central.

PARA LEMBRAR

 
OFERTA NACIONAL CAI EM 2012
As empresas aéreas promoveram no ano passado uma redução da oferta de voos no mercado brasileiro. O número de passagens aéreas colocadas à venda caiu 7,39% em 2012, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil. O movimento foi puxado pelas líderes TAM e Gol a partir de março de 2012, em uma tentativa de recuperar a lucratividade após prejuízos bilionários. A estratégia é cortar voos deficitários e encher os aviões para voar com taxas de ocupação maiores, melhorando a rentabilidade da operação.
 
(Fonte : Jornal O Estado de São Paulo / imagem divulgação)

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