quinta-feira, 11 de outubro de 2012

BC DÁ SINAIS DE QUE JUROS NÃO DEVEM SUBIR TÃO CEDO


O comunicado do Banco Central, divulgado após a reunião que decidiu o corte da taxa básica de juros para 7,25% ao ano, foi interpretado por analistas como um indicativo de que os juros não voltarão a subir tão cedo. Com isso, perde força a opinião de que o BC deve elevar a taxa básica no ano que vem, a fim de conter a aceleração prevista da inflação.
"O trecho que diz 'estabilidade por um período de tempo suficientemente prolongado' sugere que a taxa vai ficar bastante tempo onde está", disse o economista Flávio Serrano, do banco de investimento Espírito Santo.
A pressão de alta dos preços deve ocorrer junto com o crescimento da economia, estimam analistas, mas o BC pode alçar mão de outros instrumentos -afora juros - para combater a inflação.
"O governo tem dado sinais de que não vai atacar a inflação com juros", afirmou Eduardo Velho, economista-chefe da corretora Planner.
Entre as ferramentas que podem ser usadas em 2013, estão medidas de restrição ao crédito, suspensão de gastos do governo e novas desonerações tributárias.
Um sinal que foi lido como risco para a inflação permanecer fora do alvo (de 4,5%) foi o voto feito pelo diretor de política econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo.
Responsável por defender o cumprimento da meta de inflação no dia a dia do trabalho no BC, Hamilton votou contra o corte de juros ontem.
Na avaliação da economista Mônica de Bolle, sócia da Galanto Consultoria, contudo, o BC indica que não está assustado com a inflação acima da meta por mais tempo.
"A mensagem está alinhada com os demais bancos centrais. Todo o mundo está mais complacente com a inflação", observou.
Já para Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora, o BC está só atrasando a chegada à meta em razão da crise externa.
Tanto Padovani quanto Bolle dizem acreditar que o comunicado de ontem evidencia que o atual ciclo de corte de juros chegou ao fim.
"O BC foi mais explícito do que nunca. Não há dúvida de que a manutenção está dada", disse Bolle.

(Fonte : Jornal Folha de São Paulo)

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