sexta-feira, 21 de setembro de 2012

BILHETES TÊM DIFERENÇAS DE PREÇO DE ATÉ 490%


O passageiro que quiser comprar uma passagem de avião para as festas de fim de ano, com pelo menos três meses de antecedência, vai encontrar diferenças de preços de até 489,1% de uma companhia para outra. Isso é o que mostra um levantamento feito pelo Valor, na quarta-feira desta semana.
Para especialistas, diferenças expressivas de preços mostram a acirrada competição no setor. Com programas de gerenciamento de receita (do inglês "yield management"), elas monitoram diariamente os preços da concorrência e estabelecem o valor de um bilhete conforme essa análise.
Em uma companhia aérea de grande porte, o "yield management" pode gerar, em um dia, um relatório com os preços de cerca de 60 mil voos da concorrência.
"Com essa prática, as empresas não têm apresentado um bom resultado. A indústria vem mostrando prejuízo há anos", diz o especialista em aviação da Coppe/UFRJ, Elton Fernandes. TAM e Gol somaram prejuízo de R$ 1,6 bilhão no segundo trimestre. "A competição predatória faz com que tudo mundo perca", acrescenta.
O levantamento considerou as cinco rotas mais movimentadas do país de 2002 a 2010, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). São elas, Congonhas Santos Dumont, Cumbica-Salvador, Congonhas-Brasília, Cumbica-Recife e Cumbica-Porto Alegre.
As fontes de consulta foram os sites das três companhias que operam em todos os trechos, Avianca, Gol e TAM. Taxas de embarque foram desconsideradas. Apenas voos diretos entraram na comparação.
Para o Natal, foi simulada uma compra no dia 22 e volta no dia 26 de dezembro. No Ano Novo, partida no dia 29 de dezembro e retorno no dia 2 de janeiro. Historicamente, regras tarifárias do setor indicam que compras com antecedência e a permanência no destino, por ao menos três dias, tendem a tornar os preços mais em conta.
A diferença de 489,1% de preços em um mesmo trecho, entre duas companhias diferentes, foi constatada para uma compra no Ano Novo. A passagem de retorno entre Salvador e Cumbica, pela Gol, custaria R$ 205,90. Pela TAM, o preço saltaria para R$ 1.213.
"O que direciona o preço da companhia, principalmente em períodos de alta temporada, como Natal e Ano Novo, é a demanda de cada perfil de clientes", informou a TAM, acrescentando que tem um sistema de gerenciamento de receita que oferece a tarifa adequada para cada perfil de passageiro.
A maior demanda por viagens aéreas no Ano Novo, em comparação com o Natal, também mostra uma diferença muito grande de preços, em uma mesma companhia. O trecho de volta na ponte aérea para quem mora em São Paulo, pela TAM, seria de R$ 93, no Natal. Uma semana depois, no Ano Novo, o mesmo bilhete custaria R$ 513, uma inflação de 451,6%.
"Não temos um mercado maduro, pois temos novos consumidores. Está todo mundo apostando em ganhar dinheiro no futuro, buscando a maior participação de mercado", afirma Fernandes, da Coppe/UFRJ.
A diferença de preços de passagens de ida e volta, em uma mesma companhia, também é expressiva. Na TAM, a simulação de compra para um voo entre Cumbica e Salvador, no Natal, chega a 196,3%. O trecho de ida sairia por R$ 717. A volta custaria R$ 242.
O especialista em aviação da consultoria Bain & Company, André Castellini, afirma que a expressiva diferença de preços com três meses de antecedência pode mostrar que algumas companhias aéreas preferem abrir seus preços promocionais mais tarde.
"Algumas empresas, sabendo que vai ser uma época de alta temporada e demanda, não abrem as tarifas mais baixas tão cedo", diz Castellini. Segundo ele, a tendência é a de os preços se aproximarem, conforme for se aproximando as festas de fim de ano.
"O que esses dados mostram é uma estratégia diferente de gestão de receitas", diz Castellini, acrescentando que em meados do fim deste ano a diferença de receita média por assento, entre as companhias, deverá ser de até 30%.
Para o chefe de análise da SLW Corretora, Pedro Galdi, as diferenças de preços tão grandes são naturais e deverão sempre existir. "Sempre vai haver distorção de preços no setor aéreo", afirma.
Apesar de a TAM se destacar na comparação de preços maiores, a análise dos preços de ida e volta dos 10 trechos simulados mostra que ela tem os valores mais baratos na comparação de uma mesma rota em três casos. No Natal, na ponte aérea e entre Congonhas e Brasília. No Ano Novo, entre Congonhas e Brasília novamente.
A Gol mostrou os preços mais baratos em seis rotas. O décimo trecho restante, entre Cumbica e Porto Alegre, no Natal, não houve predominância de uma companhia com o preço mais barato tanto na ida quanto na volta.
Em geral, a Avianca se mostrou a mais cara nesse tipo de comparação, com preços de ida e volta mais caros do que a concorrência em sete rotas. A Avianca e a Gol foram procuradas, mas não retornaram

(Fonte & imagem: Jornal Valor Econômico )

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