sexta-feira, 17 de agosto de 2012

NO PICO, PROTESTO CHEGA A DEIXAR 4.000 PESSOAS NA FILA EM CUMBICA


A combinação de cerca 9.800 passageiros de voos internacionais para embarcar e a operação-padrão da Polícia Federal travou entre 17h e 22h30 o aeroporto de Cumbica, ontem, em Guarulhos.
No pico, havia cerca de 4.000 pessoas nas filas. A espera de passageiros para embarcar superava duas horas.
As filas dos terminais chegaram a se cruzar, algo que não aconteceu nem no apagão aéreo de 2006, disse um executivo da Infraero, que administra o aeroporto.

Passageiros ficaram irritados com a PF

A exemplo da quinta-feira passada, os policiais federais decidiram revistar um a um os usuários que embarcavam para o exterior, trabalho normalmente feito por amostragem. Havia mais de 400 policiais, contra 120 de um dia normal, segundo o sindicato da categoria.
"Acabei de vir de Belo Horizonte. Lá tinha fila, mas essa aqui é incomparável", disse o engenheiro Celso Barcelos, 32, que pegaria um voo para Detroit (Estados Unidos). À frente dele havia mais de mil pessoas, de acordo com um funcionário da Infraero.
No início da noite, a PF passou a permitir que passageiros com voos prestes a sair passassem à frente. Na quinta-feira passada, os policiais não haviam aberto essa exceção, o que levou pessoas a perderem os seus voos.
Segundo a Infraero, até as 21h, cerca de 18% dos voos internacionais atrasaram -um em cada seis. Na semana passada, o índice superou 30%.
Funcionários da Infraero atribuíram o índice menor a dois fatores: ao fato de passageiros terem chegado mais cedo, por saber da operação, e em razão de os agentes terem passado à frente passageiros com voos prestes a sair.

BRASÍLIA

No aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, a fila para o embarque internacional chegou a dar volta no andar superior do aeroporto.
Além da demora para o embarque, a emissão de passaportes no local foi cancelada.
De acordo com a Infraero, quase 20% dos voos na capital federal sofreram atraso.
O aeroporto Afonso Pena, de Curitiba, foi um dos mais atingidos pelo protesto: 47% dos voos estavam atrasados.
Em Manaus, havia cerca de 500 pessoas na fila ao meio-dia. O pedagogo Sérgio Monteiro, 55, que tinha viagem marcada para Fortaleza, protestou. "Já viajei cinco vezes este ano e não há fiscalização. Agora que querem aumento estão fiscalizando."

COM LÍDERES PRESOS NO TRÂNSITO, PROTESTO ATRASA EM CUMBICA

A operação-padrão dos policiais federais no aeroporto de Cumbica estava prevista para começar às 16h30, mas atrasou meia hora por um motivo inusitado: os líderes do ato ficaram presos no trânsito.
Entre os manifestantes no congestionamento estava o presidente do sindicato paulista, Alexandre Sally. Eles ficaram parados no trânsito pesado da marginal Tietê e da via Dutra.
O protesto foi marcado para as 16h30 porque é a partir desse horário que começa a maioria dos voos para os Estados Unidos e Europa.

CHECK-IN

Bombons

No aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, um passageiro reagiu irritado ao fato de os policiais federais distribuírem bombons aos passageiros durante a operação-padrão. "Vocês deveriam distribuir nariz de palhaço, não bombons!", disse.

Pizzas

Já em Goiânia, os policiais distribuíram pizzas. "A desvalorização dos policiais federais implica na não punição dos criminosos, ou seja, acaba em pizza", disse o sindicalista Adair dos Santos.

Procurados

No aeroporto internacional de Campo Grande, todos os passageiros tiveram de se submeter a um rigor extra: os policiais federais consultavam um a um se constavam ou não do Sistema Nacional de Procurados e Impedidos.

Transtorno duplo

Com um voo para a Espanha às 19h15, o jogador de futsal Christian Luft, 27, enfrentava no Galeão (Rio) a segunda fila do dia por causa da mobilização. Mais cedo, em Porto Alegre, esperou mais de uma hora para passar pelo raio-x. "Lá estava um caos, aqui está bem melhor."

'Fura-fila'

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), 61, foi passado à frente na fila em Brasília por ser idoso. A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, 64, e o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), 51, não tiveram a mesma sorte. "O mar não está para peixe, mas a sinalização de um aumento salarial é necessária", afirmou Teixeira.

Passageiro armado

Também em Goiânia, os policiais federais interromperam a fiscalização de passageiros armados. Normalmente, quando alguém é detectado por aparelhos, a PF confere o porte de arma, o que não foi feito ontem.

Precavido

Em Cumbica, alguns passageiros chegaram bem mais cedo para evitar transtornos. Um deles foi um executivo americano, radicado no Brasil, que às 18h20 estava na fila. Seu voo, para Nova York, era às 21h15. "Acho que servidor público não tem direito de fazer isso."

(Fonte : Jornal Folha de São Paulo)

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