terça-feira, 24 de julho de 2012

CRIAÇÃO DE VAGAS PERDE FÔLEGO EM JUNHO



A economia brasileira gerou 120 mil postos formais de trabalho no mês passado, o segundo pior resultado para o mês de junho dos últimos dez anos, divulgou ontem o Ministério do Trabalho.
Com isso, o número de vagas com carteira assinada criadas no primeiro semestre de 2012 somou 1,048 milhão, uma queda de 26% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Segundo economistas, a diminuição do número de novas vagas é um reflexo esperado do desaquecimento da atividade econômica, que vem mostrando fraqueza desde o ano passado.
Eles consideram, no entanto, que o impacto da piora da atividade no mercado de trabalho não foi forte até agora.
"Dadas a crise externa e a desaceleração do crescimento no Brasil, gerar mais de 1 milhão de vagas no primeiro semestre é um número surpreendentemente positivo", afirma o economista João Saboia, da UFRJ.
Com a economia em marcha lenta, economistas passaram a prever que o crescimento econômico do país neste ano será inferior ao do ano passado (2,7%). O emprego e a renda, entretanto, mantêm certa resistência.
Embora abrindo menos vagas, todos os setores abriram postos de trabalho no semestre, inclusive a indústria, cuja produção recua desde o início do ano.
A maior queda foi observada no comércio, que gerou 53,6% menos postos na primeira metade de 2012 ante o mesmo período de 2011. O segundo pior resultado ficou com a indústria de transformação, com queda de 48,7%.
O economista da consultoria LCA Caio Machado afirma que o empresário da indústria é mais cauteloso ao demitir porque a mão de obra é mais qualificada.
Por isso, há empresas que preferem, antes de demitir, dar férias coletivas ou reduzir a carga horária, na expectativa de uma recuperação da economia à frente.
"Já o trabalhador do comércio é menos qualificado. O empresário não tem muita dificuldade em recontratar quando a economia reacelera e, por isso, demite com mais facilidade", afirma.
Na avaliação de Machado, a geração de postos de trabalho deve se recuperar nos próximos meses, quando as medidas de estímulo econômico adotadas pelo governo devem começar a fazer efeito.
Apesar de o mês de junho ter sido bem fraco para o padrão histórico, cálculo da consultoria que retira os efeitos típicos do mês indica que foram geradas 15% mais vagas do que em maio.

RENDA

Outro dado positivo do mercado de trabalho, observa Saboia, é o aumento da renda. De acordo com o Ministério do Trabalho, os salários médios dos novos contratados cresceram no primeiro semestre em média 5,9% acima da inflação.
Segundo relatório da consultoria LCA, essa alta é reflexo da queda da inflação e do forte aumento do salário mínimo, que impacta principalmente os salários menores.
"Esse aumento da renda deve contribuir para a recuperação do consumo neste semestre", diz Machado.

ECONOMIA DEMORA A REAGIR A ESTÍMULOS, DIZ PRESIDENTE DO BC

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou ontem que a reação da economia brasileira às medidas de estímulo, como corte dos juros básicos, está mais demorada do que o usual.
Tradicionalmente, apontou ele, há defasagem nos efeitos da política monetária.
"Mas, em um ambiente internacional adverso como o atual, que tem afetado a confiança dos empresários, os canais de transmissão dessas políticas não têm operado em sua plenitude", disse o presidente do BC durante o lançamento das cédulas da segunda família do real.
Tombini ponderou que, apesar dessa demora, a economia já vem, parcialmente, respondendo aos estímulos.
"Essa resposta tende a se intensificar. Por isso, a perspectiva para os próximos trimestres é de aceleração do crescimento", afirmou.
Ele destacou ainda que a previsão do FMI (Fundo Monetário Internacional) para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2013 é de 4,6%.
Para 2012, a expectativa do organismo internacional é de 2,5% de alta.
"A economia continua gerando empregos e ampliando a renda do trabalhador", afirmou Tombini, citando a criação de vagas formais (leia texto acima).
Na entrevista a correspondentes estrangeiros, ele declarou que já há sinais de que a economia brasileira está se recuperando neste semestre.
"Estamos confiantes de que o crescimento em termos anualizados vai ser bem mais forte", disse, citando a aceleração no crédito em junho.
Apesar disso, Tombini destacou que o cenário internacional "continua desafiador".

(Fonte : Jornal Folha de S. Paulo / imagem divulgação)

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