O aeroporto de Congonhas, na zona sul de São
Paulo, tem 45 obstáculos na rota de aproximação dos aviões - entre eles prédios
residenciais e comerciais, alguns 13 metros acima da altura máxima definida pela
Aeronáutica.
Além de prédios, há árvores, dois hospitais e
um centro comercial, todos em Moema ou no Jabaquara.
A Aeronáutica forneceu as informações à Folha após ser instada a fazê-lo via Lei
de Acesso à Informação.
Os obstáculos ficam dentro do chamado
"cone de aproximação", por onde os aviões passam, reduzindo a altura
gradativamente, para aterrissar em Congonhas.
Isso não significa que os aviões baterão nos
prédios, mas reduz a margem de segurança das aeronaves prestes a pousar,
segundo Carlos Camacho, diretor de segurança do Sindicato Nacional dos
Aeronautas. O cone é calculado justamente para permitir a aterrissagem sem
riscos.
Segundo os registros da Aeronáutica, não
foram construídos recentemente prédios na rota de Congonhas. Novos empreendimentos
na área têm, necessariamente, que pedir autorização ao Comar (comando aéreo
regional).
NA JANELA
A psicóloga Rosângela Lurbe, 56, vive em uma
cobertura no 25º andar de um dos prédios que invadem a rota do aeroporto, em Moema. O edifício está 1,60 metro acima do
gabarito estabelecido pela Aeronáutica.
"Consigo ver a janela dos aviões, de tão
perto que passam. E quando passa um - o que às vezes acontece de minuto em
minuto-, tenho que parar de conversar", diz ela, que preside a associação
de moradores de Moema.
O Oscar Hotel's, do empresário Oscar Maroni,
também está na relação de invasores, por ter excedido em dez centímetros a
altura permitida.
No entanto, o empreendimento é alvo de ação
de demolição da prefeitura por ter sido construído em área maior do que previa
o projeto aprovado. O processo ainda tramita na Justiça.
A fiscalização da altura máxima dos prédios
na rota de Congonhas cabe à Aeronáutica, que, se for o caso, pede à prefeitura
para que notifique os proprietários sobre as irregularidades.
Na prática, a Aeronáutica diz que tolera as
irregularidades dos obstáculos que já existem.
Em 2011, a regra mudou, mas somente para novos
empreendimentos -esses sujeitos a serem acionados na Justiça pelo órgão federal
e a receber multas.
GUARULHOS
Maior aeroporto do país, Cumbica (em
Guarulhos, na Grande São Paulo) tem 28 obstáculos na sua rota de aproximação - o
número é inferior a Congonhas porque fica em em área menos habitada, sem muitos
prédios em volta.
Entre os obstáculos estão duas unidades da
Assembleia de Deus, galpões, prédios comerciais, um posto de combustível, um
supermercado e antenas de celular, de acordo com a relação.
No caso da Assembleia de Deus, um dos imóveis
supera em 42 metros
o permitido. A medição é feita por técnicos da Aeronáutica.
(Fonte : Jornal Folha de S.
Paulo)
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