segunda-feira, 2 de abril de 2012

AEROPORTOS BRASILEIROS EM PETIÇÃO DE MISÉRIA


Para contornar o fantasma do caos aéreo e preparar o país para a Copa do Mundo de 2014, o governo realizou uma licitação que concedeu a exploração do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), a partir de maio, para uma empresa sul-africana chamada Acsa, tal como mostrou recente programa da TV Folha, que vai ao ar aos domingos às 20h pela TV Cultura.
Tal empresa já administra os aeroportos de Johannesburgo e da Cidade do Cabo, além de outros oito só na África do Sul.
Mas ainda que tal empresa faça milagres a partir de maio, não seria o caso de, até lá, de tirar o aeroporto de Cumbica do estado de precariedade em que ele se encontra?
O primeiro (e mais preocupante) problema de Cumbica tem relação com a insegurança. Recentemente uma quadrilha que furtava malas foi descoberta, mas nem por isso foi instalado um sistema de câmeras para monitorar o movimento na área das esteiras de bagagem.
Se hoje quase que qualquer padaria ou pequeno comércio tem câmeras, porque é que o aeroporto internacional mais movimentado do Brasil não tem?
A quem interessa não vigiar o que acontece com as bagagens desde o momento em que elas chegam à esteira até que saem da área de alfândega?
Outro problema de Cumbica são os táxis clandestinos que são oferecidos no momento em que o passageiro passa pela aduana e entra no saguão.
Há casos em que os táxis são seguidos e interceptados por gatunos na estrada, rumo a São Paulo. Já imaginou atravessar o mundo e chegar de viagem com valores, compras, computador, máquina de fotografia, passaporte e celular e ser roubado a caminho de casa?
Outra mazela diz respeito aos preços extorsivos praticados dentro do aeroporto de Guarulhos por restaurantes e lojas, ainda mais caros do que os cobrados em São Paulo, sem dúvida hoje uma das cidades mais caras do mundo.
E há o problema do estacionamento, permanentemente lotado, a céu aberto, com carros estacionados sobre a grama e, também, caríssimo e sem um sistema confiável de monitoramento por câmeras de circuito fechado.
Finalmente, há o tempo gasto para chegar até Guarulhos, com a marginal permanentemente entupida de carros e caminhões, sem transporte eficiente conectando São Paulo ao aeroporto de Cumbica, sem sombra de obra de trem ou metrô até lá, coisa que é bastante comum nos principais aeroportos do mundo.
Sim, pode ser que a empresa sul-africana Acsa invista a partir de maio para transformar esse aeroporto num lugar menos inseguro, menos caro e menos desconfortável, com banheiros melhores etc.
Mas, antes de ficar à espera de que isso aconteça por obra de uma empresa estrangeira, será que não daria para instalar as tais câmeras para monitorar e combater a malandragem por ali a partir de já?
As autoridades, sempre tão ágeis para filmar carros em excesso de velocidade ou cometendo infrações de trânsito, não poderiam usar um pouco dessa expertise que serve para multar e atuar na vigilância dentro de locais como o aeroporto de Cumbica?

(Por Silvio Cioffi – editor Cad. Turismo do Jornal Folha de S. Paulo)

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