quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

FÓRMULA 1 DOS MARES



Em março, o Brasil receberá o Powerboat Class 1, uma das categorias de competição mais rápidas do mundo

Desde que o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 deixou a cidade do Rio de Janeiro, em 1989, os cariocas ficaram saudosos do ronco dos motores na pista e da agitação dos boxes. Agora, após duas décadas, a espera acabou. Só que o circo será na água e não mais nas pistas. A partir de março, a Marina da Glória, no Rio, receberá a etapa de abertura do Powerboat Class 1, uma das mais rápidas e também mais arriscadas corridas de barco de alta velocidade do mundo, considerada a Fórmula 1 dos mares. O responsável pela chegada é o Grupo EBX, do empresário Eike Batista, com a organização da agência Aktuell, do empresário Rodrigo Rivellino. Para realizar a etapa brasileira, foram necessários dois anos de negociações e serão investidos R$ 12 milhões. "O Class 1 reúne a tecnologia mais avançada dentre os esportes náuticos", diz Álvaro Landini, coordenador-geral do Class 1 na EBX. "O brasileiro gosta de todos os esportes de velocidade. A entrada no Brasil é estratégica para popularizar o esporte por aqui", completa Landini. A prova, que acontece em vários países, será transmitida pela televisão em rede nacional e promete ter um público de um milhão de pessoas na orla carioca.
As similaridades com a Fórmula 1 vão além. Para entrar na prova é preciso montar uma equipe e estima- se que cada temporada custe cerca de US$ 2 milhões aos competidores. Os pilotos dos modernos catamarãs, embarcações com dois cascos, que disputam a prova (são dois atletas por barco) chegam a uma velocidade de até 270 km/h. O ruído dos motores se parece com o arranque dos carros de corrida. "O Class 1 é ainda mais envolvente que a Fórmula 1, pois o público que comparece consegue ver o circuito completo", conta à DINHEIRO o italiano Marco Sala, secretário- geral da International Offshore Team Association (Iota), a entidade responsável pelo evento no mundo. A corrida dura cerca de 45 minutos - tempo em que os pilotos chegam a dar 15 voltas no circuito aquático. Atualmente há sete times, sendo um do Qatar, um dos Emirados Árabes, quatro europeus e um australiano. "Sempre é interessante que novos esportes cheguem ao Brasil. Mas até que se torne popular, o ideal é ter pilotos ou um time brasileiro", aponta Claudinei Santos, coordenador do núcleo de estudos em negócios do esporte da ESPM.
Enquanto o Brasil ainda não tem time de Class 1, na etapa carioca, será possível sentir um pouco do que é navegar em alta velocidade. No evento, dois barcos que chegam a 170 km/h, capazes de carregar até cinco passageiros, serão usados pela EBX para levar alguns de seus clientes para um passeio. Além disso, a empresa deve lucrar ainda com cotas de publicidade compradas por empresas dispostas a patrocinar o Class 1. O desembarque da categoria em solo nacional, porém, é algo mais pessoal. Eike Batista, o dono da EBX que adquiriu recentemente a Marina da Glória, já competiu de Class 1 e chegou a ser campeão mundial no começo da década de 90. Hoje, entretanto, navegar em uma embarcação como essa está fora de cogitação. "Não há companhia de seguro no mundo que me deixe competir em um barco desse", teria dito Eike aos organizadores.


(Fonte : Revista Isto É Dinheiro / Edição 642 / 27-01-10)

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