terça-feira, 10 de abril de 2018

Consolidação do mercado de aviação coloca mais pressão sobre Embraer


Diante da iminente consolidação da indústria de aviação no mundo, o mercado avalia que a possível parceria entre Embraer e Boeing se torna cada vez mais necessária.

“Este é um mercado naturalmente concentrado e está chegando o momento da consolidação. As empresas estão se antecipando a este movimento e a recente parceria da Bombardier com a Airbus é prova disso”, avalia o analista da Eleven Financial, Álvaro Frasson.

No ano passado, a possibilidade de compra da Embraer pela Boeing foi vetada pelo governo brasileiro. As duas empresas seguem negociando a criação de uma empresa conjunta de aviação comercial e o movimento é visto como uma resposta à parceria entre Bombardier e Airbus, firmada em 2017. “As empresas estão se antecipando ao cenário iminente de maior disputa de preços. Vai ganhar quem tem volume e for mais eficiente”, aponta Frasson.

O presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, conversou com jornalistas em evento na sede da empresa em São José dos Campos (SP) nesta quarta-feira (04). O executivo não se pronunciou sobre novidades nas negociações. “As conversas continuam, é uma operação complexa. Buscamos um acordo que atenda todas as partes.” Ele afirmou que a inclusão da divisão de defesa e segurança no negócio não tem dificultado as tratativas com o governo. “Esse não é um impedimento. Até porque já temos um acordo de comercialização do KC-390”, respondeu, se referindo ao avião de transporte militar da fabricante brasileira.

Frasson questiona se a Embraer seria capaz de manter a competitividade diante desse cenário de consolidação, caso o negócio não se concretize. “A Boeing tem mais capilaridade e pontos de atendimento, o que a torna mais eficiente. Apesar da aviação executiva ter melhores margens e ser a expertise da fabricante brasileira, essa demanda está estável. A Embraer precisa se renovar.” Durante o evento, Silva foi perguntado sobre uma possibilidade da chinesa Comac fazer uma proposta pela Embraer. “O mercado é dinâmico, temos obrigação de estar atentos a todas as oportunidades.”

O avanço da China no mercado de aviação é visto como um dos motivos para a busca por parcerias entre as grandes empresas do setor.

“Faz sentido que a Embraer tenha sido procurada por uma chinesa, já que a aviação executiva tem crescido muito na Ásia. Seria interessante entrar neste mercado na China”, analisa Frasson.

Porém, o analista ressalta que a China pretende sobretaxar produtos norte-americanos. “Uma parceria com a Boeing poderia dificultar a situação da brasileira.”

O presidente e CEO da Embraer Comercial, John Slattery, não quis comentar sobre o conflito entre as duas nações, mas defendeu que a empresa brasileira tem portas abertas em ambos os países.

“A China é um mercado enorme para a Embraer. Não há preocupações, temos relações boas com ambos os países. Somos uma empresa global e não queremos ver guerra comercial nenhuma”, declarou em coletiva para imprensa.



Entrega de jatos



A Embraer realizou nesta quarta (04) a apresentação oficial da primeira aeronave E190-E2, entregue à companhia área norueguesa Wideroe.

O acordo garante a compra de três jatos e dá opção para mais 12. O valor da transação pode alcançar R$ 873 milhões.

“Essa entrega representa uma nova era na aviação comercial da Embraer. Os jatos vão abrir novos mercados”, declarou Silva.

John Slattery afirmou que já existe interesse de outras companhias pela aeronave e que há otimismo de que a operação comercial vai crescer.

“Já tivemos visitas de empresas à fábrica e conversas concretas de negócio.”

Silva afirmou ainda que se houver necessidade, a empresa tem condições de expandir sua produção. “Já temos essa capacidade aqui na planta.”

(Fonte : DCI)

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