terça-feira, 19 de abril de 2011

D.O.M. É ELEITO 7º RESTAURANTE DO MUNDO



Ontem, em Londres, em uma noite singular para brasileiros, o restaurante D.O.M., de Alex Atala, foi eleito o sétimo melhor do mundo de acordo com o ranking elaborado pela revista britânica "Restaurant".
É a primeira vez que um brasileiro entra nesse top ten.
Atala saltou 11 posições desde o ano passado -ao todo, de 2006 para cá, foram 43 degraus galgados.
Outra surpresa da lista -que enumera cem estabelecimentos, dentro os quais 50 têm destaque- foi o retorno do italiano Fasano, do restauranteur Rogério Fasano, ao ranking. Ele passa a ocupar a 59ª posição.
Além disso, o Maní, conduzido pelos chefs Helena Rizzo e Daniel Redondo, estreou no 74º lugar.
A participação dos sul-americanos, que nunca estiveram tão bem representados, foi engrossada pelo restaurante peruano Astrid y Gastón, do chef-celebridade Gastón Acurio.
A casa alcançou a 42ª classificação -para ilustrar, está três lugares acima do Plaza Athénée, de Alain Ducasse, na França.
Repetindo o feito do ano passado, o dinamarquês Noma, conduzido pelo jovem René Redzepi, volta ao topo com sua cozinha inventiva, apoiada em ingredientes nórdicos (como peixes e cogumelos).
Na sequência, surgem duas casas espanholas, El Celler de Can Roca (de Joan Roca) em segundo lugar, e Mugaritz (de Andoni Luis Aduriz), em terceiro.
Vencedor recorrente, o inglês Fat Duck, liderado por Heston Blumenthal, caiu para o quinto lugar. Ficou atrás da casa italiana Osteria Francescana.
Um dos chefs mais cultuados do mundo, o espanhol Ferran Adrià esteve, pela primeira vez em nove anos, ausente da lista. Em 2010, ele já havia feito um discurso de despedida -seu El Bulli tem fechamento programado para os próximos meses.
Realizada anualmente, a premiação The S. Pellegrino World's 50 Best Restaurants, que completa dez edições em 2011, avalia estabelecimentos em todo o mundo.
Para chegar ao resultado final são compilados votos de um quadro de jurados composto por um grupo com mais de 800 participantes -entre críticos, jornalistas, chefs e personalidades ligadas à área.

RESULTADO COROA ESFORÇO MUNDIAL DE VALORIZAÇÃO DE INGREDIENTES NACIONAIS

A presença inédita (e simultânea) de três restaurantes brasileiros na lista dos cem melhores do mundo traz à tona transformações que a cena gastronômica nacional sofreu dos anos 90 para cá.
Em um cenário que antes revelava -e exaltava- somente chefs internacionais, "importados" sobretudo da França e da Itália, agora surge em evidência, para o mundo, dois nomes brasileiros: Alex Atala (do D.O.M.) e Helena Rizzo (do Maní).
O resultado coroa um esforço reproduzido mundo afora, a valorização de ingredientes frescos e locais, da terra e do terroir -combinação de solo, clima e manejo. Aos poucos, a mesa brasileira mostra que não depende (mais) exclusivamente de produtos de fora.
A matéria-prima nacional vem sendo, mais que descoberta e explorada, adotada pela chamada gastronomia contemporânea.
Nesse contexto, ingredientes aparecem aliados a técnicas apuradas e à criatividade dos chefs. E nasce daí a possibilidade de elevar o Brasil a uma das principais potências gastronômicas do mundo, do ponto de vista da diversidade de terroirs que acolhe. E, quem sabe, preservar o país por meio da gastronomia. O terceiro restaurante brasileiro destacado, o Fasano, é um caso à parte. Seu chef é o italiano Salvatore Loi, que comanda uma cozinha de mesma nacionalidade, apoiada na tradição.
Mas, de certa forma, o Fasano -que serve alcachofras colhidas em uma ilha próxima a Veneza, trufas frescas e frutos do mar tinindo, pinçados de um aquário instalado nos bastidores do restaurante- dialoga com o D.O.M. e com o Maní, que dialogam com o primeiro do mundo, o Noma do dinamarquês René Redzepi. Todos têm em comum essa busca insaciável pelo melhor ingrediente.

(Fonte : Jornal Folha de S. Paulo / foto divulgação)

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