quarta-feira, 30 de março de 2011

CRÉDITO TERÁ APERTO COM IOF MAIOR PARA DINHEIRO DE FORA


Com dinheiro farto e barato no exterior, as empresas brasileiras resolveram usar crédito de fora para financiar operações corriqueiras, como capital de giro, ou para dar crédito a seus fornecedores. Os bancos captaram recursos a baixo custo para emprestar em suas linhas mais caras. Com isso, o excesso de liquidez externa deu um incentivo adicional ao crédito interno - que dificulta o combate à inflação -, o endividamento de curto prazo em dólar disparou e o ingresso abundante de divisas pressionou o dólar para baixo. A resposta do governo veio ontem na forma do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% em captações externas de até 360 dias. O encarecimento do crédito externo pretende conter a excessiva apreciação do real e representa mais um torniquete na política de controle da inflação, na avaliação do governo. Ele vai provocar redução no crédito em reais para empresas e até para pessoas físicas, segundo especialistas, mas seu impacto sobre o câmbio não deve ser significativo. Elaborada de comum acordo entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central, a medida deverá produzir múltiplos efeitos: redução da posição em câmbio das empresas, diminuição das captações externas das empresas não financeiras para financiamentos de fornecedores e formação de estoques, arrefecimento das captações externas dos bancos como funding para o crédito interno e aumento do alcance da política monetária, já que a tributação onera a busca de alternativas aos empréstimos à taxa Selic. Até o dia 28, as contratações de empréstimos externos chegaram a US$ 38,5 bilhões - US$ 25,5 bilhões por bancos e US$ 13 bilhões por empresas. Esses empréstimos foram contraídos a uma taxa de juros média de 3% ao ano. Com a incidência do IOF - que recairá sobre operações já contratadas em que não houve o fechamento de câmbio - o tomador do crédito terá de deixar o dinheiro no país por nove meses para compensar a tributação. Do 10º ao 12º mês o ganho de arbitragem será de 2,05%.


IOF DE 6% VAI IMPACTAR CRÉDITO

O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% sobre captações externas de até 360 dias vai provocar redução no crédito em reais para empresas e até para pessoas físicas, segundo especialistas de tesouraria de grandes bancos. O impacto sobre as cotações do dólar, no entanto, é pequeno. As empresas vinham captando recursos de até um ano no mercado externo e usando esses recursos para capital de giro com custos mais atrativos do que no mercado interno, considerando-se impostos. Com o dinheiro, financiavam fornecedores e clientes. Os bancos, por sua vez, destinavam os recursos dessas captações ao crédito para empresas e até para pessoas físicas. Adicionalmente, como não pagam Imposto de Renda em aplicações de renda fixa, os bancos vinham aplicando o dinheiro das captações externas para ganhar com a diferença entre os juros baixos no exterior e altos no Brasil. Banco e empresas vinham tomando linhas com prazo superior a 90 dias - já existia IOF de 5,38% nas captações de prazo inferior. Os juros em dólar no mercado externo para esse prazo é de 1% para as empresas de primeira linha, enquanto os juros em dólar no mercado interno (cupom cambial) é de 3%. Assim, mesmo depois de fazer o hedge da captação externa, a empresa acabava com um custo de 104% a 110% do CDI, incluindo o IR de 15% sobre os juros remetidos. Nas linhas em reais, só o IOF de 1,88% representa 16% do CDI. Com o IOF de 6%, as captações mais curtas serão inibidas. Para prazos superiores a um ano, as linhas externas disponíveis são mais escassas e caras - custam 2% ou mais ao ano, diferença menor em relação ao cupom de 3%.

(Fonte : Jornal Valor Econômico)

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