terça-feira, 26 de outubro de 2010

DOLARIZADO, EQUADOR SE DÁ BEM COM A QUEDA DO DÓLAR


O Equador adotou o dólar como moeda em março de 2000, na esteira de uma crise econômica que provocou o colapso de seus sistema bancário e levou a uma queda de 6% do PIB. A dolarização estabilizou a economia e o país voltou a crescer. "Desde que adotamos a dolarização, as políticas do Federal Reserve [Fed, BC dos EUA] nos têm sido bastante convenientes", disse o presidente Correa.
A queda de competitividade dos vizinhos ajuda a um setor equatoriano que já vinha dando sinais de vitalidade. No ano passado, por exemplo, as exportações de flores do país chegaram a US$ 600 milhões. E o setor cresce numa média anual de 13% desde 2003. Hoje, as flores respondem por cerca de 2% do PIB de US$ 57,3 bilhões e empregam, de forma direta ou indireta, cerca de 100 mil pessoas - a população do país é de 14,5 milhões.
As exportações não petroleiras do Equador cresceram quase 11% de janeiro a julho deste ano, em relação ao mesmo período de 2009, segundo o Banco Central do país.
Nesse cenário, os exportadores de flores estão procurando sofisticar seus mercados, para dar maior valor agregado a suas exportações.
Peñafiel diz que sua empresa vem ampliando as pesquisas de novas rosas híbridas, que reúnem na mesma pétala cores variadas. "É o que o mercado russo está pedindo, por exemplo."
Roberto Nevado, presidente da NevadoEcuador, está testando um nicho novo: a gastronomia.
Cerca de 5% de sua produção de rosas é orgânica, ou seja, não usa pesticidas, fertilizantes nem outro produto químico industrializado. Essa parcela tem se destinado a restaurantes sofisticados de todo o mundo, como o catalão El Bulli, do chef Ferran Adriá, que usam as pétalas em receitas inovadoras.
Além das flores, outros setores chamados de não tradicionais vivem um boom. As exportações de camarões e pescados enlatados, por exemplo, crescem ininterruptamente desde 2000. E setores tradicionais, como o de banana (o Equador é o maior exportador do mundo), mostram sinais positivo.
"Não há dúvida que a dolarização está nos ajudando. Sabemos que Correa é a favor de restituir uma moeda nacional, mas ninguém em sã consciência pensaria em abandonar o dólar agora", disse Fernando Crespo, diretor da Associação dos Produtores de Cacau Fino e de Aroma do Equador (Aprocafa). Crespo, além de grande produtor de cacau, fabrica chocolates no país e os exporta principalmente para a Europa.
O otimismo dos exportadores privados pode, entretanto, ser contrabalançado pela parte mais importante da economia equatoriana, o setor petroleiro.
Petróleo e derivados respondem por cerca de 65% das exportações do país e por cerca de 35% de toda a arrecadação do governo. Desde que Correa assumiu o poder, em janeiro de 2007, a produção de petróleo caiu 6,1%, segundo dados do Banco Central do Equador.
"Nós [setor privado] estamos fazendo nossa parte", diz Crespo.

(Fonte : Jornal Valor Econômico / com Ags. Internacionais – Foto Divulgação)

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