quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

UM BAIRRO DE R$ 1,5 BILHÃO



Pernambuco vai construir uma região inteira para o Mundial de futebol. Cidade da Copa terá estádio, shopping e polo tecnológico

Além de ser o maior evento esportivo do planeta, a Copa do Mundo de futebol é também uma oportunidade rara para a recuperação de áreas urbanas degradadas e o desenvolvimento de uma determinada região. Isso aconteceu na Alemanha, que abrigou a edição 2006 do torneio, e está se repetindo agora na África do Sul, anfitriã da competição que começa em junho.
Esses exemplos serviram de inspiração para o governo de Pernambuco, que lançou nos últimos dias o edital para a construção da Cidade da Copa, no Recife. Trata-se de um gigantesco complexo que reúne uma arena esportiva com capacidade para 46 mil espectadores, shopping center, parques, edifícios residenciais e comerciais.
O custo total das obras chegará a R$ 1,5 bilhão. A expectativa é de que boa parte do montante seja bancada pela iniciativa privada, por meio de Parcerias Público-Privada . Apesar de a capital Recife contar com estádios dos times Náutico, Sport e Santa Cruz, o governo estadual optou em começar tudo do zero. "Usaremos a Copa do Mundo para promover o desenvolvimento da região oeste da cidade, dentro de uma proposta de crescimento sustentável", diz George Braga, secretário estadual de Esportes. Será que um projeto dessa envergadura é viável? O consultor Eduardo Morato, presidente da Off Field, especializada em marketing esportivo, diz que sim. "Pernambuco tem o projeto mais atraente do ponto de vista dos investidores e mais inteligente no quesito integração com a cidade."
A Cidade da Copa pega carona na tendência global de bairros planejados destinados à classe média e que incluem lazer, trabalho e moradia. Tudo no mesmo local. Apesar da previsão de gastos de R$ 500 milhões somente no estádio, a ponta de lança do projeto é o novo polo tecnológico que o governo pernambucano pretende implantar no local. Isso fará com que haja um afluxo diário de pessoas para a região, evitando que o estádio se transforme em um elefante branco, como aconteceu com o Stade de France, nas cercanias de Paris (França). Tudo no complexo pernambucano será feito tendo como referência a questão ambiental.
O secretário Braga explica que, além de o terreno de 270 hectares ser de propriedade do Estado, outra vantagem é que a região já conta com infraestrutura básica: energia, transporte e telecomunicações. "Precisaremos fazer apenas alguns ajustes para adaptar esses serviços ao novo perfil da demanda", afirma.
O cronograma de construção prevê que apenas 30% das edificações fiquem prontas até 2014. A prioridade será, além da arena, os equipamentos que darão suporte à disputa do mundial, como hospital, shopping, hotel, sistema de transporte e áreas de lazer ao ar livre (praças e parques). O restante será tocado de acordo com o crescimento da demanda na região. Hoje, a área metropolitana do Recife vive um surto desenvolvimentista marcado pela construção de obras como um polo petroquímico e um novo estaleiro. Quando essas estruturas estiverem prontas, a expectativa é que cresça a demanda por moradias de médio e alto padrões. É exatamente esse público que está no radar do projeto Cidade da Copa.

(Fonte : Revista Isto É Dinheiro / Edição 640 / 13/01/2010)

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