Nem mesmo juros baixos e prazo de pagamento de até 18 anos fizeram
deslanchar a linha especial de crédito lançada pelo BNDES em 2010 para a
construção de hotéis para a Copa de 2014.
A pouco mais de dois anos do evento, foram aprovados empréstimos para a
construção de apenas cinco empreendimentos e a reforma de outros três hotéis.
Do total planejado de R$ 1 bilhão, os financiamentos chegaram a apenas
R$ 277 milhões. Vão ampliar em 1.618 a oferta de quartos.
O maior contrato foi fechado com o grupo EBX, de Eike Batista, em 2010:
R$ 146,5 milhões para a restauração do histórico Hotel Glória, no Rio, cuja
obra não ampliará sua capacidade em leitos.
ENTRAVES
Para o setor hoteleiro, os entraves estão na dificuldade em atender
exigências de garantias bancárias para a concessão do empréstimo, além da
incapacidade do próprio segmento em conseguir as certidões negativas de débitos
tributários.
Falta também, ainda segundo informações do setor, interesse dos bancos
conveniados do BNDES em repassar essa linha de crédito.
BUROCRACIA
Alfredo Lopes, presidente da ABIH-RJ (Associação Brasileira de
Hotéis-Regional RJ), afirma que a "burocracia é muito grande" e que a
linha de crédito "não atende à necessidade do setor".
Um problema, diz, são as ações judiciais de dívidas de IPTU comuns no
setor, o que inviabiliza a liberação do recursos tomados.
Alexandre Sampaio, presidente da Federação Nacional de Hotéis,
Restaurantes e Bares, por sua vez, afirma que as exigências de garantias são
"incompatíveis" com a atividade hoteleira.
GARANTIA
O BNDES só aceita garantia de 130% do valor financiado -um dos maiores
percentuais praticados pela instituição. O setor pleiteia, segundo Sampaio, que
a receita futura dos hotéis depois de prontos sirva como parte das garantias,
como ocorre na área de infraestrutura.
EXIGÊNCIA ALTA
Para Abel Castro, diretor do grupo Accor (bandeira Ibis, F1, Mercure e
outras), a linha é uma "evolução" por oferecer juros menores e mais
prazo, mas a exigência de garantia de 30% acima do valor financiado fez com que
apenas 3 dos 55 empreendimentos do grupo planejados para as cidades sedes
obtivessem crédito.
Para BNDES, a adesão de setor não é pequena
O BNDES afirma que, apesar de a linha de crédito para hotéis, criada em
2010, ter orçamento de R$ 1 bilhão, não há "baixa adesão", pois entre
2005 e 2010 havia financiado apenas R$ 41 milhões para o setor hoteleiro.
A instituição informa ainda que existem mais R$ 606 milhões em pedidos
de financiamento em análise.
Um hotel, porém, leva dois anos para ser construído e o processo de
aprovação de um empréstimo consome mais seis meses. Desse modo, muitos projetos
sob análise tendem a não estar prontos para a Copa.
No Rio, que sediará o centro de mídia e a final da Copa, existe a
necessidade de 5 mil novos quartos até 2014, mas só 3 mil estão em construção
no momento.
Apesar do fraco interesse pela linha do BNDES, Alexandre Sampaio, de
entidade que reúne hotéis, restaurantes e bares, diz que não haverá carência de
vagas na Copa.
O Ministério do Turismo afirma que não foi firmado compromisso com a
Fifa para oferta de quartos.
Existem, no entanto, um total de R$ 2,8 bilhões em recursos disponíveis,
em bancos públicos (inclusive no BNDES) para financiar a construção de hotéis,
ainda de acordo com o Ministério do Turismo.
(Fonte
: Jornal Folha de S. Paulo / Col. Mercado Aberto)
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