Em que momento o governo
federal decidiu intervir nas diárias cobradas pelos hotéis no Rio de Janeiro?
No início de fevereiro, pedi um encontro com os
empresários do setor e disse: “A hotelaria tem um compromisso que está para
além dela, que é com a imagem do País, construída ou desconstruída, a partir de
uma exposição que nunca tivemos.” Mas, após a reunião, houve uma espécie de
tabela de preços. Quando o Parlamento Europeu cancelou sua vinda, passou a se
justificar uma intervenção do governo.
Sob qual argumento?
A presunção é da livre iniciativa como regulador
dos preços. Porém, quando se configurou uma prática abusiva de mercado, o
governo tomou uma posição.
A redução entre 25% e 60% das
tarifas, prometida pela rede hoteleira, é suficiente?
É um patamar condizente com a demanda aquecida.
Buscávamos um preço compatível com a média nacional. Nesse episódio, nós agimos
em defesa do patrimônio maior, que é a imagem do Brasil no Exterior.
Como a Embratur pretende
monitorar os preços?
Faremos uma pesquisa, analisando os dez maiores
destinos mundiais e comparando-os com as diárias praticadas no Brasil.
Não há o risco de os
empresários se sentirem constrangidos?
É algo a favor da competitividade e do País. Vamos
nos comparar com referências no mundo, como Nova York, Paris, Londres e Buenos
Aires, e ajudar nosso setor a praticar a lei da oferta e da procura sem matar a
galinha dos ovos de ouro.
Quais são as principais
demandas da indústria do turismo?
O foco principal do que constitui a política
pública do turismo – promoção, apoio e comercialização – é a competitividade.
É onde precisamos avançar para estimular novos
investimentos do setor privado.
O turismo no Brasil cresce, mas
ainda não somos um grande destino internacional. Por quê?
Temos um complicador que é nossa posição
geográfica. Estamos a milhares de quilômetros de grandes emissores de turistas.
A maioria dos visitantes é dos países vizinhos. Na Europa, 83% dos turistas são
os próprios europeus. A conclusão é que o turismo é intrarregional.
Qual é a estratégia para
atrair mais sul-americanos ao Brasil?
Todos os grandes eventos que vamos sediar falam
profundamente à alma dos sul-americanos. Nossa ideia é transformar esses
megaeventos em eventos da América do Sul.
Por que a Embratur alterou a
estratégia e decidiu reduzir a promoção do Brasil no Exterior?
Reduzimos os mercados prioritários para 17: os 15
maiores emissores de turistas ao Brasil, mais o México e o Canadá, pela
proximidade. No passado, já chegamos a trabalhar 55 países, mas nossos recursos
são escassos.
O setor privado deve investir
R$ 10 bilhões. É suficiente?
Para a expansão da oferta de leitos, sim. É 20%
acima da nossa capacidade atual. No entanto, as redes hoteleiras manifestam
receio de, após os grandes eventos esportivos, haver uma superoferta e grande
ociosidade. Eis por que se justifica nossa preocupação com o item preço.
(Fonte : Revista Isto É Dinheiro)
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