O setor de serviços, que vem sustentando o modesto crescimento da
economia brasileira nos últimos dois trimestres, deu sinais de fraqueza em
maio.
Segundo um indicador calculado pelo HSBC e pela consultoria Markit
Economics, a atividade do setor caiu no mês passado pela primeira vez desde
julho de 2009.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) recuou de 54,4
pontos em abril para 49,7 em maio. Resultados abaixo de 50 pontos indicam
retração do setor.
Segundo o economista-sênior do HSBC, Constantin Jancso, esse resultado
preocupa porque o setor tem sido uma das principais fontes de dinamismo da
economia.
Com a queda da atividade de serviços em maio, HSBC e Markit estimam que
o setor privado se contraiu no mês passado pela primeira vez desde setembro de
2011. O PMI da indústria, divulgado na última semana, já tinha indicado
retração no setor pelo segundo mês seguido.
"O segundo trimestre está bastante fraco. Os dados não mostram uma
recuperação em relação ao primeiro trimestre, pelo contrário, mostram até uma
desaceleração da economia", afirma.
Para Jancso, há sinais cada vez mais fortes de que o PIB (Produto
interno Bruto) vai crescer menos neste ano do que em 2011, quando a expansão
ficou em 2,7%.
"Parece que o marasmo da indústria está se espalhando para o setor
de serviços."
A pesquisa PMI, feita mensalmente com 350 empresas de serviços e 450 da
indústria, mede a evolução dos novos negócios, o otimismo e a contratação das
companhias.
Os dados de maio mostram que houve demissão no setor industrial,
enquanto as empresas de serviços continuaram gerando novos postos de trabalho,
mas em ritmo menor do que há seis meses.
CONFIANÇA MENOR
O desaquecimento do setor de serviços também aparece em outra pesquisa
divulgada nesta semana. Anteontem, a FGV mostrou que a confiança do setor
atingiu em maio o seu menor nível desde agosto de 2009.
Essa piora foi influenciada, principalmente, pelo otimismo menor com
relação aos negócios nos próximos meses.
Segundo o coordenador de sondagens conjunturais da FGV, Aloisio Campelo,
o maior recuo da confiança ocorreu no segmento de serviços prestados às
famílias.
Na sua avaliação, o forte aumento dos preços de itens como restaurantes,
salões de beleza, hotéis e reparos em geral nos últimos anos pode ter refreado
a demanda.
Além disso, ele observa que o consumidor está mais cauteloso com seu
orçamento, seja porque seu endividamento aumentou nos últimos anos, seja porque
o cenário econômico aqui e lá fora está mais nebuloso.
"Isso se reflete também no comércio. Os segmentos que dependem
diretamente do aumento da renda, como supermercados, vestuário e calçados, tem
mostrado mais otimismo que aqueles que dependem mais do crédito."
(Fonte : Jornal Folha de S.
Paulo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário